As casas erguidas ao redor da capela e a abertura de novas ruas impulsionaram o desenvolvimento da região. Contudo, tal igreja, originalmente de estilo gótico, foi demolida na década de 1970 para dar lugar à atual igreja, de arquitetura moderna. Mais demorada, a obra foi inaugurada também na noite de Natal, em 1975, e sua arquitetura é mantida até os dias atuais.
Demolição da igreja Menino Deus na década de 70
Foto: Fiore Marrone (arquivo)
Saída de uma das últimas missas rezadas em 1970 Foto: Mauro Mastrogiacomo
Menino Deus foi o primeiro bairro da Capital a contar com transporte coletivo
O centro da cidade de Porto Alegre estava a cerca de quatro quilômetros do então chamado Arraial do Menino Deus. O que hoje é uma distância pequena, no passado era longínquo. Para se chegar lá, era no lombo do cavalo, de carroça, de canoa (pelo Guaíba) ou a pé. Havia dois acessos: um caminho mais largo, batizado de Avenida Treze de Maio (hoje Avenida Getúlio Vargas), e o Caminho das Belas (agora Avenida Praia de Belas). Por volta de 1842, o caminho mais largo recebeu melhorias e muitas famílias iniciaram ali a construção dos seus "casarões". A Rua Caxias (atual José de Alencar) foi a primeira consolidada no bairro do Menino Deus, lá por 1847. Em 1858, outra rua importante foi aberta: a Botafogo, que ligaria o bairro à Azenha.
O Menino Deus foi o primeiro bairro a contar com transporte coletivo, primeiro com a primitiva maxambomba (uma espécie de bonde) na década de 1860, mas devido à sua ineficiência — transitava sobre trilhos de madeira —, acabou cedendo lugar para linhas de bonde puxadas por burros, em 1873. Em 1908, chegaram os bondes elétricos, que operaram até 1970. O bairro aumentava, cada vez mais, o número de habitantes, e novos meios de transporte eram necessários.
À época, as casas do bairro pertenciam às camadas de maior poder aquisitivo da cidade, cujas festas paroquiais e atividades tornaram o trânsito do Menino Deus movimentado. Os moradores costumavam frequentar o Hipódromo Rio Grandense (1888), exposições de agropecuária e o Estádio dos Eucaliptos (1931). Além disso, o Grêmio Náutico Gaúcho constitui um tradicional clube do bairro.
Em 1954, foi fundada a Empresa Maracanã de Microônibus, criada por Arnoldo Schiphorst. Começou com um Chrysler De Soto, e, no final, tinha uma frota de 28 micro-ônibus. Schiphorst, inclusive, dedicou-se à política, apoiando o candidato Adhemar de Barros, e terminou por vender sua empresa, que tinha sede na esquina da Rua Silveiro com a Miguel Couto. As primeiras "camionetas", de uma porta somente, receberam o nome de Linha 77. Esses pequenos ônibus serviam aos moradores do Menino Deus e do Morro de Santa Teresa.
Ônibus da Maracanã com propaganda para Adhemar de Barros
Arquivo pessoal
Em 1959, foi fundada a Empresa de Transportes Coletivos Trevo, que fazia a linha Azenha-Centro, passando pelo Menino Deus, pela Avenida Praia de Belas, identificada como Linha 78. Mais tarde, a Trevo absorveu a Maracanã. Em 1957, pela Avenida Praia de Belas circulavam os Papa-Filas, que vinham da Zona Sul em direção ao Centro. Em 1960, foi feita uma experiência com os Trolleybus, com apenas duas linhas: Gasômetro-Centro e Menino Deus-Centro. Em 1977, viriam os lotações, uma forma de transporte mais seletivo.
A ligação do Menino Deus com a Cidade Baixa e o centro dava-se através da atual Avenida Getúlio Vargas, que tinha seu início na ponte sobre o arroio Dilúvio, erguida em 1850. Com o prolongamento da Avenida Borges de Medeiros, a partir da década de 1950, após o aterro da Praia de Belas, o acesso ao bairro foi ampliado, facilitando sua expansão e urbanização.
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