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Almanaque: Menino Deus, o mais antigo arraial de Porto Alegre


Menino Deus ainda em formação, c. 1900
(Foto: Virgílio Calegari)

O Menino Deus é considerado o mais antigo arraial de Porto Alegre, pois foi o primeiro território a ter sido reconhecido enquanto agrupamento semi-independente do Centro Histórico, com que mantinha relações comerciais e administrativas. Muitas de suas terras pertenceram a Sebastião Francisco Chaves, dono da estância São José.



A denominação originou-se da devoção ao Menino Deus, trazida a Porto Alegre pelos colonos açorianos. No ano de 1853 foi inaugurada a capela do Menino Deus, cujas festas natalinas atraíam até os moradores do centro da cidade e de outros bairros em formação.

Primeira Igreja do Menino Deus. Acervo do Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo.
Circa 1880. Fotógrafo Virgílio Calegari.
Foto colorida digitalmente por Cores da Memória


Entre a capela do século XIX e a igreja atual, a paróquia teve diversos estilos e reuniu muitas famílias.

Capela construída antes da igreja em estilo gótico

Em 1919 a capela foi abaixo após um incêndio. Reconstruída, ganhou o estilo gótico, com uma alta torre que recebeu, em 1929, o relógio da catedral que havia sido demolida. Nos anos 60 passou por nova reforma. Antes da Igreja ser derrubada, o Padre Armindo Cattelan convocou a comunidade do bairro e distribuiu as imagens da paróquia, a fim de preservar a história do Menino Deus. Outra parte do acervo foi enviada ao antigo Colégio Menino Deus, hoje Escola São Francisco que fica aos fundos da Igreja.

Igreja Menino Deus
(Foto: Arquivo)


As casas erguidas ao redor da capela e a abertura de novas ruas impulsionaram o desenvolvimento da região. Contudo, tal igreja, originalmente de estilo gótico, foi demolida na década de 1970 para dar lugar à atual igreja, de arquitetura moderna. Mais demorada, a obra foi inaugurada também na noite de Natal, em 1975, e sua arquitetura é mantida até os dias atuais.

Veja a história completa da igreja, clicando aqui.


Demolição da igreja Menino Deus na década de 70
Foto: Fiore Marrone (arquivo)

Saída de uma das últimas missas rezadas em 1970 
Foto: Mauro Mastrogiacomo


Menino Deus foi o primeiro bairro da Capital a contar com transporte coletivo


O centro da cidade de Porto Alegre estava a cerca de quatro quilômetros do então chamado Arraial do Menino Deus. O que hoje é uma distância pequena, no passado era longínquo. Para se chegar lá, era no lombo do cavalo, de carroça, de canoa (pelo Guaíba) ou a pé. Havia dois acessos: um caminho mais largo, batizado de Avenida Treze de Maio (hoje Avenida Getúlio Vargas), e o Caminho das Belas (agora Avenida Praia de Belas). Por volta de 1842, o caminho mais largo recebeu melhorias e muitas famílias iniciaram ali a construção dos seus "casarões". A Rua Caxias (atual José de Alencar) foi a primeira consolidada no bairro do Menino Deus, lá por 1847. Em 1858, outra rua importante foi aberta: a Botafogo, que ligaria o bairro à Azenha.


O Menino Deus foi o primeiro bairro a contar com transporte coletivo, primeiro com a primitiva maxambomba (uma espécie de bonde) na década de 1860, mas devido à sua ineficiência — transitava sobre trilhos de madeira —, acabou cedendo lugar para linhas de bonde puxadas por burros, em 1873. Em 1908, chegaram os bondes elétricos, que operaram até 1970. O bairro aumentava, cada vez mais, o número de habitantes, e novos meios de transporte eram necessários.


À época, as casas do bairro pertenciam às camadas de maior poder aquisitivo da cidade, cujas festas paroquiais e atividades tornaram o trânsito do Menino Deus movimentado. Os moradores costumavam frequentar o Hipódromo Rio Grandense (1888), exposições de agropecuária e o Estádio dos Eucaliptos (1931). Além disso, o Grêmio Náutico Gaúcho constitui um tradicional clube do bairro.


Em 1954, foi fundada a Empresa Maracanã de Microônibus, criada por Arnoldo Schiphorst. Começou com um Chrysler De Soto, e, no final, tinha uma frota de 28 micro-ônibus. Schiphorst, inclusive, dedicou-se à política, apoiando o candidato Adhemar de Barros, e terminou por vender sua empresa, que tinha sede na esquina da Rua Silveiro com a Miguel Couto. As primeiras "camionetas", de uma porta somente, receberam o nome de Linha 77. Esses pequenos ônibus serviam aos moradores do Menino Deus e do Morro de Santa Teresa.

Ônibus da Maracanã com propaganda para Adhemar de Barros
Arquivo pessoal


Em 1959, foi fundada a Empresa de Transportes Coletivos Trevo, que fazia a linha Azenha-Centro, passando pelo Menino Deus, pela Avenida Praia de Belas, identificada como Linha 78. Mais tarde, a Trevo absorveu a Maracanã. Em 1957, pela Avenida Praia de Belas circulavam os Papa-Filas, que vinham da Zona Sul em direção ao Centro. Em 1960, foi feita uma experiência com os Trolleybus, com apenas duas linhas: Gasômetro-Centro e Menino Deus-Centro. Em 1977, viriam os lotações, uma forma de transporte mais seletivo.


A ligação do Menino Deus com a Cidade Baixa e o centro dava-se através da atual Avenida Getúlio Vargas, que tinha seu início na ponte sobre o arroio Dilúvio, erguida em 1850. Com o prolongamento da Avenida Borges de Medeiros, a partir da década de 1950, após o aterro da Praia de Belas, o acesso ao bairro foi ampliado, facilitando sua expansão e urbanização.




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