Lauro Alves / Agencia RBS
Com algumas escoriações e dores na lombar, resultado de um capotamento ocorrido na tarde de segunda-feira (13), em Porto Alegre, a professora Rosângela Paludo, 48 anos, havia perdido sua cachorrinha de estimação. A maltês Brisa fugiu do veículo Fiat Idea Adventure no momento em que a docente era socorrida por um pedestre.
O acidente ocorreu próximo das 16h, na Rua Gonçalves Dias, no bairro Menino Deus, na Capital. Moradora da Azenha, ela havia ido à farmácia e posteriormente a uma confeitaria “para matar uma vontade de doce”, como admitiu.
Ao sair da doceria, perdeu o controle, capotou e esbarrou ainda em outro veículo. Desnorteada, a servidora estadual levou alguns instantes para perceber o distanciamento de Brisa. No Hospital de Pronto Socorro (HPS), percebeu que sua companheira estava desaparecida, e após a alta médica deixou a recomendação de descanso de lado: voltou ao bairro atrás da cachorrinha.
Durante a noite de segunda-feira, a professora reuniu amigos e percorreu o Menino Deus. Uma campanha chegou a ser criada nas redes sociais, com imagens de Brisa, que tem quatro anos de idade e foi adotada pela sua tutora quando tinha 45 dias.
Final feliz
A tristeza de Rosângela Paludo chegou ao fim na manhã desta terça-feira (14). Brisa já estava abrigada: havia se escondido na garagem do condomínio da bancária aposentada Susana Maria Schmidt de Almeida, 57 anos, a uma quadra de onde ocorreu o acidente.
—Às 5h30min, o jornaleiro disse que tinha visto uma cachorrinha escondida no meio dos carros. O porteiro me avisou e eu lembrei da história da Brisa. Mas aí saiu um automóvel da garagem e ela não foi mais encontrada, o que me preocupou — relembra a bancária.
Assustada com a movimentação nessa manhã, Brisa subiu para o andar superior, e só foi localizada próximo das 7h, com a troca de turno dos prestadores de serviço do prédio. Acuada e rejeitando água ou comida, foi levada até o apartamento de Suzana. Enquanto a filha oferecia ração e água, a bancária procurou o telefone divulgado para informações sobre o paradeiro da cachorrinha. Praticamente sem dormir, preocupada com sua pet, e ainda com muitas dores desde que teve alta do Hospital de Pronto Socorro (HPS), a professora diz ter ficado emocionada quando recebeu uma foto pelo WhatsApp, com o aviso: “Brisa está comigo. Está bem. Fique tranquila”.
No reencontro, próximo das 11h, Brisa tremia. Em um primeiro momento, correu no sentido oposto de Rosângela, mas logo que a reconheceu, retornou e saltou em seu colo, de onde não desceu mais. Enquanto a maltês observava a movimentação em frente ao prédio que serviu de dormitório, a professora repetia incontáveis agradecimentos a família que a acolheu.
— Existem pessoas muito boas no mundo. Muito, muito obrigado. Ela estava em ótimas mãos. Minha pitoca agora está comigo graças a essa corrente maravilhosa que se criou — reiterou a docente.
A resposta de Susana foi direta:
— Foi Deus quem colocou ela aqui dentro.
O acidente resultou em dores na coluna e escoriações pelo corpo da professora, integrante da diretoria do Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho. Vídeos de câmeras de vigilância do quarteirão mostram o carro capotando e atingindo outros veículos, que estavam estacionados na Rua Gonçalves Dias. Nenhuma outra pessoa ficou ferida na colisão.
A calçada em frente ao prédio serviu de ponto de encontro de pessoas que atenderam a ocorrência: o entregador Felipe Arce da Rosa, 24 anos, parecia incrédulo. Na tarde passada, ele abandonou o galão de 20 litros de água quando soube que o animal havia fugido do acidente a que havia presenciado. Hoje voltou ao bairro para acompanhar o desfecho da história.
— A gente procurou muito ontem (segunda), quem ia imaginar que estaria aqui, há 100 metros do acidente — diz o jovem.
Antes de dormir, a bancária diz ter pedido, em oração, que a cachorrinha “encontrasse alguém de bem, que a ajudasse”. A proximidade do “esconderijo” com o local do acidente e a pessoa escolhida como sua acolhedora não foram as únicas coincidências do caso: a mulher que a encontrou também havia perdido uma cachorrinha, Luna, há dois anos.
— Eu sei bem o que ela passou. A minha yorkshire ficou algumas horas sumidas e depois encontramos em uma sala do condomínio — conta Susana.
Na despedida, um impasse: enquanto a educadora insistia em pagar a recompensa ofertada caso Brisa fosse encontrada, a bancária rejeitava o dinheiro de forma reiterada. No fim, chegaram a um acordo:
— A recompensa é fazer o bem — definiu a aposentada.
Clipping: Com informações de Gaúcha ZH
1 Comentários
Podia entrevistá-la. Um monte de gente querendo saber como ela consegui capotar na Gonçalves Dias...
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