Expostas nas cercas de escolinhas privadas de Porto Alegre, faixas de cor azul clamam às autoridades: deixem as creches abrirem para quem precisa. Os cartazes fazem parte da campanha Escola para Quem Precisa!, criada pelo Movimento das Escolas Privadas de Educação Infantil do Rio Grande do Sul (Mepei-RS), subscrito por cerca de 200 creches, que empregam 5 mil pessoas – a maioria, da Capital.
A campanha pede que autoridades permitam a volta das atividades da Educação Infantil, que engloba crianças de zero a cinco anos, o quanto antes – sobretudo agora, quando pais retornam ao trabalho em meio à liberação de atividades em Porto Alegre.
Foto: Félix Zucco / Agencia RBS
No Rio Grande do Sul, o governo Eduardo Leite sugeriu que a Educação Infantil retome as atividades em 31 de agosto. Contudo, a volta depende de o município estar em bandeira amarela ou laranja e da autorização do prefeito. A prefeitura de Porto Alegre já declarou que não há previsão de retorno.
O Mepei-RS argumenta que não advoga apenas em causa própria, mas também de pais e mães: pesquisa aplicada com 229 famílias mostrou que 70% desejam a volta das aulas na Educação Infantil neste ano.
— Hoje, há filhos que ficam com os pais de home office, mas também com avós expostos ao risco, com babás que cuidam de mais de uma família ou com cuidadoras em ambiente desconhecido e sem nenhum protocolo. Enquanto isso, há pais que já pediram demissão porque não conseguiram trabalhar e cuidar das crianças ou que adoeceram emocionalmente porque a criança demanda bastante. Entendemos que a escola deve se tornar uma opção para as famílias que precisam — explica Magliane Locatell, porta-voz do movimento e diretora da Escola Pais e Filhos, no bairro Menino Deus.
Setembro deve ser mês de falência
Creches estão à beira da falência após uma enxurrada de cancelamentos de matrículas de crianças de zero a três anos, cuja inscrição, por lei, não é obrigatória.
Para evitar um apagão geral que transportaria um demanda de milhares de crianças para creches públicas municipais, o setor pede a retomada das atividades ou assistência governamental, como empréstimo com um ano de carência para pagamento.
Estabelecimentos defendem segurança do ambiente
Para além da questão econômica, creches pontuam que podem ser mais seguras para as crianças do que locais privados que não sigam protocolos sanitários, como casas de parentes ou de cuidadoras informais.
Há um entendimento de que distanciamento e uso de máscaras em crianças são exigências distantes da realidade, mas destacam que elas têm menor chance de adoecerem e que haverá medidas para reduzir riscos – como manter turmas extremamente enxutas, impedir que diferentes grupos se misturem, examinar todos com termômetros na entrada e exigir que funcionários usem máscaras e uniformes específicos.
— Para existir Educação Infantil, a gente já segue vários protocolos. Crianças brincando em praça seguem protocolo? Uma mãe-crecheira que cuida de 10 crianças do prédio segue qual protocolo? As crianças, como estão sendo expostas hoje, têm muito mais risco do que numa escola de Educação Infantil, com todos os protocolos que vamos seguir — diz Magliane, porta-voz do Mepei-RS.
Clipping JMD com informações de Marcel Hartmann / GaúchaZH
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